🧩 CQC #46 | Esperança

🧩 CQC #46 | Esperança


A plataforma está com um bug e o post da semana passada sumiu. Falamos sobre o PUMP do Matthew Dicks —Primeiro, Último, Melhor, Pior — e sobre como qualquer pessoa pode transformar um acontecimento simples em conteúdo que conecta.

Hoje, quero te mostrar esse método em ação usando uma história minha e do meu jeito, pra falar de um tema que abriu o Advento ontem: esperança.


inspiração da semana

O relógio na parede da ala infantil marcava 3 da tarde naquele 19 de abril.

Não fosse pelo chiado constante da menor máscara de oxigênio que eu já tinha visto, só se ouvia o silêncio.

O jantar de comemoração pela primeira década juntos e a festinha de dois anos do filho mais velho tinham sido cancelados por motivos óbvios.

E após 48h mal dormidas no sofá de acompanhante, o coração da mãe só queria ouvir uma palavra: alta.

Pra quebrar o gelo enquanto o pediatra não chegava, falei:

- Cinco anos atrás, nesse mesmo horário, a gente estava no táxi, indo de mala e cuia pro aeroporto rumo à NYC sem data pra voltar. O que será que guardam os próximos cinco?

A pergunta mal tinha saído da minha boca quando o telefone tocou. Era minha chefe, me ligando de Boston: minha transferência pra matriz havia sido aprovada.

Às vezes, as melhores notícias chegam nos momentos mais escuros.
E o tempo, que cinco anos antes nos arrancou o sonho de morar fora, agora parecia conspirar pra nos deixar sonhar de novo.


dor

Ter esperança no mundo adulto é cafona.
Mas a esperança é sobrevivência emocional.

Porque ela permite continuar quando a narrativa ainda não faz sentido.

E, pra quem escreve, é na esperança que está a história.

Quase ninguém conta a parte antes do alívio.
Quase ninguém mostra o pensamento que nasce no meio do caos.
E é justamente ali que o leitor mais se conecta.


princípio

Quem lê seu conteúdo não espera perfeição.
Espera verdade, humanidade e identificação.

E com uma estrutura certa (como o PUMP) é possível construir um inventário de gatilhos narrativos que ativam lembranças carregadas de significado.

O PUMP funciona tanto que aparece muito além do conteúdo:

. o famoso comercial "meu primeiro sutiã"
. a música Last Kiss, popularizada pelo Pearl Jam
. as 7 melhores da Jovem Pan
. o programa Os Piores Clipes do Mundo, na lendária MTV Brasil

Hoje peço uma licença poética pra adicionar uma letra que faz sentido para esta edição (e para sua linha editorial):

S - Sentimento
Quando algo dentro de você se move antes que algo fora se resolva.
O instante em que a história nasce e onde a autoridade começa a ser construída.

Porque ninguém lembra do fato — lembra de como aquilo fez você se sentir.


bastidores

Eu escrevi essa pequena crônica que abre a edição de hoje em janeiro'24, depois de ler Storyworthy.
Ela estava aqui quietinha nos rascunhos, esperando o momento certo.
Vira e mexe eu editava, polia, tirava palavra, mexia num detalhe. Não por perfeccionismo, mas porque precisava de um contexto.

E ontem, depois de uma missa forte de início de Advento e de um ano difícil pra caramba, entendi por que ela tinha ficado guardada: o texto estava pronto, mas eu ainda não estava.

É sempre assim: você não precisa publicar na hora. Mas escrever registra o sentimento antes do desfecho — e é isso que transforma memória em matéria-prima.


prática

O episódio da Alice é, na essência, um Pior:
pior contexto para pais e mães
pior hora
pior susto

Mas é simultaneamente, um Melhor:
melhor notícia
melhor símbolo de virada
melhor momento de carreira

E o que transforma isso numa história que fica é justamente o S:
O sentimento escondido no contraste entre o Pior e o Melhor.

O leitor não conecta porque é dramático — conecta porque é humano.

Se quiser testar, escolha um dos cinco gatilhos do PUMP(S) e escreva três linhas sobre ele:

  • Primeiro: algo que você viveu pela primeira vez na última semana.
  • Último: algo que talvez esteja acontecendo pela última vez sem você perceber.
  • Melhor: o melhor micro-sinal de que algo está andando.
  • Pior: um mini-caos que te ensinou alguma coisa.
  • Sentimento: um movimento interno antes de qualquer solução externa.

Só isso já vira um post, um parágrafo, ou — no mínimo — um rascunho sincero que guarda quem você é agora.

Esse conteúdo valeu um café?

pague o café

Se você quer aprender a transformar sua vida profissional em conteúdo que conecta e te posiciona sem forçar autenticidade, abrimos novas vagas de consultoria individual.

Responda este e-mail com “quero detalhes” e te envio as opções.

Se preferir começar sozinho, no seu ritmo, o Workbook De Invisível a Influente é o passo mais rápido para encontrar seu eixo narrativo e começar a usar métodos como o PUMP(S) na prática.

Até o feed,
Daniel Damico